
Estava sentada em um movimento leve, discomportada. Solta e distraída nunca se dera conta de sua flexibilidade até que alguém a notara. Sim, ela pois, seca e dura era então flexível. Suas pernas cruzavam de tal forma a encostar os joelhos no chão. Foi quando ouvira: _Você faz borboletas ? -mergulhada ao som de uma música pouco escutara, até sentir o toque em seu ombro e agora sim a pergunta-, _Como borboletas? _ Movimento em linha, com a perna, encostar joelho no chão e estender em diagonal, cruzando ambas uma na outra e mantendo o perfil da rótula do joelho no chão, não é fácil, não! _Ah... É? -Ela não sabia, mas o fazia. Desde então sentiu-se especial e diante sua pouca coordenação, tamanha e inacreditável seus desastres e desarranjo para as coisas que as vezes parecia não se encaixar em nada, em ninguém. Andava solta, cantarolando mentalmente, no entanto a vontade era gritar "All is full of love" , sentiu vontade de dar cambalhotas e piruetas. Enxergou-se a saltar, sabia de alguma forma que era capaz, mas algo de dentro a impedia. Ela, barreira de si mesma. Não sabia das borboletas e era capaz; agora sabia o poder detido e isso a assustava ao ponto de sequer tentar. É difícil confiar no que se sabe, quando se sabe. A dor do conhecer é dosável, más o amargor que o medo deixa na boca, parece eternizar. Provavelmente as tão pomposas borboletas em seus voos altivos não sabem que voam. Decolam lindamente no auge de sua ignorância e coragem de renegarem seus medos. Talvez ela seja uma delas, já que se assemelham no colorido e no desmedido. Desconhecer pavores, afim de não temer a vida, e saltar o mais longe quão possa ir, no infinito limite. E assim o que seria amanhã, triste fim, pobre menina. Será como sempre imaginara. O alçar de uma bela e corajosa borboleta, com firmeza de espírito. Na intrepidez da vida, existiu.
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