quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Sobre a doença de pensar


Certa vez sonhei sentada em um tronco, honestamente acordada, -honestidade me dignifica-; se estivesse dormindo por certo seria pesadelo, já que há muito não tenho sono tranquilo. Devo estar sendo injusta. Senti o calor da fogueira corrompendo o frio por entre minhas pernas. Estava quase a congelar e observei a insubistituível importância de senti-lo. Fitei a madeira queimando até ver: antes, dentro e depois dela. Notei um líquido quase que purulento, consistente e verde minando por meio a frechas. Parecia um choro, ou secreção de ferida inflamada. Estavam as lenhas feridas? Transpus . Senti a humanidade queimar; o fogo devorar a minha pele. Fome de dor, de destruir, tudo aquecer. Vi a lenha sorri, vi o tronco me queimar. Atearam fogo em mim, nos meu amigos, na minha família. Eu nada pude fazer. Só chorar. Inflamar, pois sim, eu era inflamável. E fui a grande descoberta. Ninguém ouvia os meus gritos de socorro. Minha voz não saía; parecia fantoche sem ninguém que dublar. Será, não havia mais nada a mostrar? Em volta galhos e gravetos festejavam. Não, não era ao meu desaparecimento, eu não valho tanto. E minha parte era ferver, aquecer, morrer; já que não sobrara nada de mim, e só então, descobri que nasci e vivi refém. E não vou chegar aos meus cabelos, imagine pelo cheiro.Também não iria muito longe. Num profundo silêncio; sumiram os lamentos. Dormi; atordoada, existo novamente.

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