"Gosto de pessoas doces, gosto de situações claras - e por tudo isso ando cada vez mais só." Caio Fernando Abreu
Perdi a voz. Desaprendi conversar. Tudo estaria devidamente solucionado, diluído com uma simples conversa. Até meu engasgo. É a tal da glote fechada. Mas eu me liberto, como não? É preciso viver; assim, sobrevivendo eu vou. Tem sido tão difícil, que nem lágrimas tem rolado fáceis. Descem com tamanho esforço, que rezo forte para que não sequem afim de preserva-las; minha única fala. E como que atendendo ao meu pedido, a face perdura molhada e gotículas permanecem já no final do meu pescoço que aparenta sofrer em tentativas de engolir alguma coisa. Um grande mistério. Descobri melhores coisas a se fazer com palavras, não quero gastá-las, muito menos violentá-las e deixá-las em um lugar qualquer, com quaisquer um. Não mesmo. Quando escrevo elas me retornam uma essência, uma parte que preenche o vazio necessário em mim. Então as defendo e venero. Ratifico meu silêncio, na supervalorização do pensar, do sentir. É só o que tenho, o que sai de mim. Sei de gratidão. Não houve brechas. Nem precisaria. Mais espaço e o silêncio seria ainda maior. Se calei, foi diante enorme falta de merecimento a um grito sequer, palavras então, seriam demais.
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